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sábado, 6 de agosto de 2011

A Streetcar Named Desire (Uma rua chamada Pecado)

A Streetcar Named Desire (Um bonde chamado desejo / Uma rua chamada Pecado) (1951)
122 min | USA: 125 min (re-release) - USA
Drama | Romance
Direção: Elia Kazan
Stars: Vivien Leigh, Marlon Brando and Kim Hunter

http://www.imdb.com/title/tt0044081/

Este filme é um ótimo exemplo em se tratando da citação do crítico Paul Schrader que separa o noir clássico em 3 fases, sendo a última relacionada a paranóia.

A Streetcar Named Desire (com título para o português completamente equivocado), que recebe o nome relacionado ao bonde que logo no início do filme, leva Blanch DuBois (Vivien Leigh) à casa da irmã em New Orleans pela rota chamada "Desire". Mas creio que "desire" talvez seja o desejo de esconder-se, deixar o passado para trás e, quem sabe, ter um novo começo. Porém parece que as expectativas não são satisfatórias para Blanch, como veremos a seguir.



Esta já madura mas atraente mulher e habituada a finos tratos como roupas caras e gestos educados, vai para a casa da irmã Stella, então casada com Stanley (Marlon Brando) com quem terá em breve um filho. Apesar do filme todo insistir em destacar a beleza do belo peitoral e a boa forma do ator na época, este atua como um personagem rude e grosseiro, de modos grotescos e constante propenção a ataques violentos, quebrando objetos, rasgando roupas e gritando histericamente, encerrando em seguida desesperado, clamando pelo perdão de Stella, que muito rapidamente o recebe novamente nos braços, pelo domínio sensual que este tem sobre ela.




Este novo ambiente e um passado obscuro ainda não revelado abala os nervos de Blanch, e vemos gradativamente uma certa loucura apoderar-se da personagem, ora ouvindo sons e diálogos que só sua mente parece ouvir.

Stella teme a reação do marido Stanley com os modos e a doença da irmã, e este mostra-se irritado e desconfiado durante todo o tempo com sua presença, além de recusar-se a aceitar que a cunhada fora professora de inglês e teve de afastar-se pela doença nervosa, uma vez que trazia consigo artigos caros como roupas e adornos, e começa a investigar a respeito.



Stanley tem diversos amigos que trabalham com ele, jogam cartas e bebem constantemente juntos, Um deles, Mitch, se interessa por Blanche, a quem considera uma dama. Porém Stanley descobre o passado da cunhada, revelando que esta fora despedida da escola por envolver-se numa relação com um jovem de 17 anos além do fato de que seu marido se suicidara e ela fugira da sua cidade para escapar dos problemas.


Vemos a partir daí a atitude de Mitch achando-se enganado pela mulher desejada, não mais intencionando casar-se porém aproveitar-se de alguém com um passado sombrio.

O resultado é de plena ruína e Blanche deixa-se levar pelo distanciamento da razão, vivendo em uma situação imaginária de glamour e futuro feliz que nunca irá alcançar.

O filme é todo degradação. Da condição precária dos personagens e da moradia, das tendências claras de alcoolismo, violência e paranóia.

Em alguns momentos vemos, nas falas e reflexões de Blanche a condição da mulher, numa época em que o futuro promissor viria com a juventude e beleza, desvanecendo-se com o passar dos anos. Discute-se ainda a questão do julgamento e atitude em relação a ela pelos atos passados, independente das razões que levaram a tais condições em que a personagem encontra-se.

Meio deprimente e sombrio, o filme apresenta uma fotografia muito interessante, com cenários e a luz em alto contraste que enriquece as cenas, e ângulos que dramatizam ainda mais os acontecimentos, em aparições quase teatrais.




Apreciem mais este dramático noir com algumas passagens do YouTube, um deles com comentários do NY Times:



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