Experimento Noir é um espaço de troca de experiências e experimentos que bebam da fonte do gênero noir.
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terça-feira, 1 de março de 2011

Cartazes de O Gabinete do Dr. Caligari (1920)




O Gabinete do Dr. Caligari (1920)


O Gabinete do Dr. Caligari
The Gabinet of Dr. Caligari
Alemanha - 1920
Gênero: Horror
Diretor: Robert Wiene
51min


Considerado um clássico do Expressionismo alemão e referência de estudiosos e amantes do gênero, Dr Caligari, um médico que chega a uma feira de espetáculos e apresenta o sonâmbulo Cesare, que encontra-se dormindo há 23 anos, e ao acordar sob seu comando prevê o futuro, surpreende os visitantes. Ao cair da noite, começam a ocorrer assassinatos trazendo o horror na pequena cidade.

O filme é todo teatral e dramático. Filmado em estúdio, tem seus cenários compostos de pinturas diversas e formas geométricas angulosas e irregulares que contribuem para o clima atordoante dos acontecimentos. A maquiagem carregada com rostos muito pálidos e os olhos e bocas pintados de negro intensificam a dramaticidade das cenas e os gestos exagerados dos atores, aumentando o clima de mistério e terror que conduzem a trama. A trilha sonora contribui ainda com a tensão existente.




Trata-se de uma produção aparentemente de poucos recursos mas de uma criatividade que supera tal situação. Certo que algumas tomadas, como as descobertas através dos escritos de Caligari, por vezes dificulta o acompanhamento pela cópia já deteriorada e a escrita a mão, mas não chega a comprometer o valor do filme ou a atenção do espectador.

Assisti a uma versão um pouco maior que esta do YouTube que felizmente encontra-se na íntegra em um só vídeo. Aos interessados em conhecer as raízes do noir e do cinema, apreciem os detalhes que caracterizam o expressionismo alemão e que deu substância ao gênero cultuado e discutido neste blog. E claro, boa diversão.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cartazes de O Falcão Maltês (The Maltese Falcon, 1941)

E como não podia faltar, "senta que lá vem" cartazes do clássico de John Huston.
Reparem o predomínio da ilustração ou a mescla com a fotografia.
Independente do design e gosto da tipografia utilizada ou mesmo o preenchimento quase total da arte, parece-me um registro interessante do estilo da época.






O Falcão Maltês, Relíquia Macabra


O Falcão Maltês (The Maltese Falcon, EUA, 1941)
Direção: John Huston
Elenco: Humphrey Bogart, Mary Astor, Peter Lorre, Sidney Greenstreet
Duração: 100 minutos

http://www.imdb.com/title/tt0033870/

O filme O Falcão Maltês (1941) de John Huston é considerado o marco inicial do cinema noir. Huston seguiu fielmente o romance de Dashiell Hammet e reuniu um elenco que levaria Humphrey Bogart a ascensão como ator por sua atuação. As filmagens apresentam iluminação realista, cuidado meticuloso nos enquadramentos e ângulos da câmera, reflexo da pintura de Seurat e Toulouse-Lautrec que Huston apreciava e tomou por referência.

O que caracteriza O Falcão Maltês é o ritmo dos diálogos entre os personagens e a presença do protagonista frio, egoísta e cínico, revelando o anti-herói. A ambição pelo suposto falcão de ouro e brilhantes é o tema central que envolve personagens dúbios e inescrupulosos travando entre si diálogos cortantes para reaver o objeto desejado, mas a descoberta de tratar- se de um objeto de menor valor termina na frustração de uma luta em vão.


O estilo noir apresenta-se em todos os seus elementos, da ambientação realista e noturna, com fortes traços do expressionismo alemão (alto contraste nas cenas em interiores), a luz atravessando persianas, a femme fatale que atrai o detetive para agir em seu favor para protegê-la e auxiliá-la a alcançar seu objetivo. A dissimulação, hipocrisia e cinismo apresentam- se em toda a trama, elevando a cobiça acima dos valores morais.




Apesar de pesquisar muito, não encontrei um vídeo a altura desse clássico noir. O YouTube apresenta vários trechos de boa qualidade mas sem disponibilizar os vídeos para outros sites e blogs. Deixo apenas uma pequena menção para os que desconhecem a obra e recomendo fazer uma sessão pipoca e assistirem o filme na íntegra.

Cartazes de Fausto, de F. W. Murnau




Fausto, de Munau.

Fausto
Faust - 1926
F. W. Murnau
Alemanha
116 min

http://www.imdb.com/title/tt0016847/



O Expressionismo alemão é uma das grandes influências do filme noir, tendo como traços mais marcantes a interpretação exagerada, o clima de loucura e pesadelo, maquiagem carregada, cenários com perspectivas retorcidas, iluminação claro-escuro e fortes sombras.

A pesquisadora do cinema alemão Lotte H. Eisner destaca em Fausto o claro escuro e o clima mágico produzido, com efeitos especiais e a contenção na movimentação de câmera. Explica que “A sombra é a pátria da alma alemã”e aparece como elemento fundamental na cinematografia da Alemanha do pós-Primeira Guerra. Para os expressionistas, a sombra é a metáfora do inconsciente, da repressão, da clandestinidade e das trevas. Murnau utiliza esses recursos com maestria no mito de Fausto.

Fausto deseja o conhecimento além de sua época com a finalidade inicial de salvar seu povo. Cansado de não obter êxito mesmo com todos os esforços, assina com o próprio sangue um contrato com Mefistófeles (o demônio), pela promessa de que o servirá fazendo sua vontade por vinte e quatro anos mantendo-o sempre jovem, em troca de sua alma que ao final do prazo será levada ao inferno. Ao contrário de seus primeiros objetivos, entrega-se aos prazeres mundanos satisfazendo a seus desejos, sendo por vezes ludibriado pelo demônio que o afasta de qualquer intenção de bondade. Ocorre porém que, tendo encontrado o amor em Margarida, é salvo do destino ao qual se comprometera e o bem triunfa.

Mefistófeles (Emil Jannings), conduz o horror pelo poder que possui sobre os demais personagens, manipulando-os de acordo com sua vontade - ao contrário do que acredita Fausto - e as sombras intensificam o aprisionamento dos personagens nas trevas.



A fotografia é deslumbrante e a maneira em que o filme usa a imagem para transmitir as emoções de seus protagonistas surpreende o espectador.




Fausto é um filme notável, retratando a eterna luta entre o bem e o mal.