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sábado, 11 de junho de 2011

Jules Dassin


Julius Dassin
96 anos
18/12/1911 . 31/03/2008
Estados Unidos
Middletown, Connecticut

Gosto muito dos filmes de Jules Dassin. As temáticas são fortes e questionadoras a respeito da sociedade; é nítido o detalhamento cuidadoso quer nas amplas tomadas nas ruas das cidades, sempre com um ritmo intenso em especial nas perseguições, ou mesmo em ambientes internos onde as cenas parecem ter sido planejadas com a maior paciência e dedicação em sua totalidade.

Quem assistiu a Rififi deve lembrar-se do longo processo do assalto à joalheria com a abertura do cofre, em passagens minuciosas que levam o espectador a participar do processo que parece não ter fim, e o suor rolando nas faces dos personagens nos faz sentir toda a ansiedade até a conclusão do roubo perfeito.

A abordagem em Cidade Nua, como o próprio nome diz, desnudando a cidade em ritmo caótico, participando das notícias de um assassinato muito mais como distração e espetáculo que refletindo sobre a questão, nos remete a mais um questionamento e demonstração de algo comum até os nossos dias.

Obras incríveis a parte, quero neste post reunir algumas informações relevantes sobre este diretor, roteirista e ator que muito contribuiu para o cinema e o gênero Noir.

O filho de emigrantes russos vai morar no Harlem, em Nova York ainda criança mas na adolescência vai para a Europa estudar arte dramática de onde voltaria nos anos 30 atuando como ator em peças teatrais.

Em 1941 vai para Hollywood, contratado por Alfred Hitchcock e Garson Kanin. Mas seu início como diretor parece ter impressionado com o curta A Lenda do Coração, de Edgar Alan Poe, e em 42 parte para os longas A Sombra do Passado (Nazi Agent), Sua Criada Obrigada (The Affairs of Martha) e Uma Aventura em Paris (Reunion in France).




O primeiro sucesso de bilheteria veio em 1944, com O Fantasma de Canterville, adaptação do livro de Oscar Wilde, este ainda no gênero comédia, mas outros seguiram-se e por tornarem-se fracassos de bilheteria culminaram na quebra de contrato com a MGM.


Veio em seguida o período considerado a melhor fase de Dassin que produziu quatro filmes-noir em sequência: Brutalidade (Brute Force - 1947), Cidade Nua (The Naked City - 1948) , Mercado de Ladrões (Thieves' Highway - 1949) e Sombras do Mal (Night and City - 1950).





Dassin incorporou técnicas do neo-realismo italiano, estabelecendo-se como um dos mais importantes cineastas em atividade nos EUA no final dos anos 40.

Acontece que a febre anti-comunista, liderada pelo senador Joseph McCarthy toma conta dos EUA. Dassin foi membro do partido comunista nos anos 30, e mesmo desligado do partido há mais de 10 anos começou a ser pressionado e ter problemas, sondado por atos comunistas e pressionado a entregar possíveis membros simpatizantes da causa, resultando no abandono do país, dirigindo-se a Londres, onde o citado filme Sombras do Mal foi rodado.

O fato criou sérios problemas a Dassin para conseguir investimentos a novos projetos, retomando apenas em 1955 com o projeto do filme Rififi, dando-lhe o prêmio de melhor diretor.


Em 1956, Dassin casa-se com a atriz grega Melina Mercouri e o pai, membro do parlamento grego, ajuda-o conseguindo financiamento para o filme Aquele que Deve Morrer (Celui Qui Doit Mourir), baseado no romance de Niko Kazantzakis. Lançado em 1957, o longa-metragem foi bem recebido pela crítica, tendo concorrido à Palma de Ouro em Cannes e ao Bafta de melhor filme.

Em 1960, Dassin faz de Mercouri a estrela de Nunca aos Domingos, outro de seus maiores êxitos de bilheteria e de crítica. O filme ganhou o Oscar de melhor canção original, além de ser indicado aos prêmios de melhor direção e roteiro original (ambas para Dassin) e melhor atriz (Mercouri).

Após dois fracassos de bilheteria, Dassin reencontrou seu público em Topkapi, de 1964, comédia que rendeu a Peter Ustinov o Oscar de melhor ator coadjuvante.

O Poder Negro, de 1968, uma versão afro-americana de O Delator, de John Ford, foi seu primeiro filme rodado nos EUA após a fuga do marcathismo, 15 anos antes. No mesmo ano, nos palcos da Broadaway, Dassin ainda dirigiu a peça Ilya Darling, adaptação musical de Nunca aos Domingos, com Melina Mercouri revivendo o mesmo papel do cinema.

Entre 1968 e 1974, o casal Dassin e Mercouri, notórios combatentes do regime ditatorial que vigorava na Grécia, viu-se obrigado a se exilar. Com o retorno da democracia, Mercouri tornou-se membro do parlamento grego e, mais tarde, ministra da cultura.

Cineasta versátil, que circulava pelos gêneros do suspense, o drama e a comédia, Jules Dassin é citado e elogiado pela crítica, em geral pela primeira fase que refere-se aos quatro filmes noir
itados anteriormente.

Recomendo que o leitor assista aos filmes noir deste artista completo e merecedor de citação e apreciação da obra.

O blog Melhores Filmes classifica 8 filmes como os melhores de Jules Dassin, circulando por todos os gêneros de sua carreira. São eles:

1º - Rififi - 1955 - 9,1

2º - Sombras do Mal - 1950 - 8,0

3º - Cidade Nua - 1948 - 7,9

4º - Mercado de Ladrões - 1949 - 7,9

5º - Brutalidade - 1947 - 7,8

6º - Aquele Que Deve Morrer - 1957 - 7,7

7º - Nunca aos Domingos - 1960 - 7,6

8º - Topkapi - 1964 - 7,4

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