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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

M - 1931

M - M, O Vampiro de Dusseldorf - 1931
117 min - Alemanha
Filme Noir | Thriller
Diretor: Fritz Lang

http://www.imdb.com/title/tt0022100/

No final da década de 20, um assassino de crianças aterroriza uma cidade alemã. A polícia sai a procura do infanticida, deixando as ruas repletas de tiras, ameaçando as atividades criminosas do submundo do crime. A bandidagem organiza-se e captura o assustado assassino, levando-o para um julgamento onde decidirão se o entrega a justiça ou o condena à morte. Primeiro filme sonoro de Fritz Lang e para muitos a sua obra máxima. O grande cineasta alemão encontrou no ator Peter Lorre a expressão perfeita para refletir realisticamente o medo, a demência, e a languidez do assassino Hans Beckert.

Tudo começa com um grupo de crianças brincando com  que envolve uma canção sobre um assassino de crianças no pátio de um prédio de apartamentos em Berlim, e surge em seguida Hans Beckert, um serial killer que ataca crianças. Beckert aparece brevemente até a segunda metade do filme, mostrando com maior frequência sua sombra ou o som de seu assobio.

Sua tática é fazer amizade com crianças, assobiando uma canção e levando-as a um passeio, a compra de um brinquedo, fazendo-se seu amigo. E ao conquistar sua confiança, os assassinatos acontecem, e Lang apresenta um detalhe como um brinquedo que pertencera à vítima e seu final fatal.

A perseguição implacável da polícia e de criminosos que são chamados para auxílio de tal caçada leva Beckert ao tribunal, onde será sentenciado, ainda que a imagem de mães desconsoladas levam ao desfecho da trama.


M é um filme primoroso e interessante desde sua pesquisa a concepção para o cinema, e pede uma introdução para que o leitor conheça o processo desde a questão de tratar-se de um fato real, que gerou uma minuciosa pesquisa da parte de Lang, o que originou um dos clássicos noir que destacou Peter Lorre no papel principal e mexeu com a sociedade do mundo devido ao relato de crimes arrepiantes e diversas crianças desaparecidas na Alemanha.

Origem:
A história de 'M' começou nos anos 20 quando o público alemão foi exposto a um número crescente de assassinatos em séri. Apesar de Fritz Lang sempre negar, Peter Kurten tornou-se a inspiração para o personagem do assassino em série do "Vampir von Düsseldorf '(o vampiro de Düsseldorf) em M '.

Kürten atacou brutalmente 41 pessoas, matando 9 delas. Sua prisão ocorreu em 24 de maio de 1930. Ele bebeu o sangue de algumas de suas vítimas, daí o apelido de vampiro de Düsseldorf. Antes de sua prisão, mais de 12.000 pessoas foram seguidas, mais de 200 pessoas se entregaram alegando ser o assassino e 300 médiuns e ocultistas ofereceram a sua ajuda. Kürten chegou a enviar 2 cartas para os jornais locais, levando o público ao estado de psicose em massa. Kürten foi o exemplo perfeito de um serial killer com aparência de um cidadão comum. Os sobreviventes e testemunhas o descreveram como bem vestido, simpático, incutindo confiança além de respeitável. Kürten foi executado 02 de julho de 1931, em Colônia.
Outra "coincidência" que faz a ligação entre o fato real e a aplicação no filme de Lang é que no início dos anos 1930 durante o auge da histeria em massa do departamento de polícia de Düsseldorf - agora também apoiado por um grupo de detetives da polícia de Berlim - publicou um boletim de 25 páginas especiais que chegou ao conhecimento de Lang. Esta edição especial da "Revista Kriminal" trouxe a publicação que descreveu a 'Düsseldorfer Massenmörder' (assassino em série de Düsseldorf: "Tudo em vão! O assassino ainda é desconhecido! Ele está entre nós!"). Curiosamente o título de trabalho para 'M' foi 'Mörder unter uns' (assassino entre nós).
Outras conexões entre 'M' e o artigo em 'Magazin Kriminal "incluiu a descrição detalhada do suspeito (incluindo o chapéu que foi um pouco de uma marca de Kürten), bem como os motivos assumidos e até mesmo cenas inteiras. Há inclusive diversas cenas durante o filme que aparecem descritas neste artigo, havendo ainda outra importante evidência, como as cartas escritas pelo assassino em lápis azul, que no filme aparece em vermelho.
Na vida real, a busca pelo assassino pela polícia de Düsseldorf leva-a ao ponto de pedir ao mundo do crime organizado para ajudar na caça ao assassinos, alegando estar prejudicando seus negócios, outro ponto utilizado no filme. Há ainda a semelhança do chefe de polícia e o personagem do inspetor com sua imagem do homem pesado pesado, sempre fumando seu charuto, relaxado e de métodos pouco ortodoxos.

Outras influências foram os casos de Haarmann, Denk e Großmann - todos os assassinos de destaque dos anos 20. Há ainda uma série de assassinatos horrendos envolvendo crianças na cidade de Breslau, um crime que nunca resolvido.

Todos esses acontecimentos demonstram a minuciosa pesquisa feita por Lang e Thea von Harbou, que estudaram os métodos da polícia e ainda reuniram-se com psiquistras de serial-killers para escrever um roteiro detalhado e o mais próximo da realidade.

O filme
O que M deixa como marca para o cinema e espectadores é a figura de Peter Lorre como o retrato do assassino psicopata, o que marcou sua carreira desde então. Outro importante detalhe é que trata-se do primeiro filme sonoro de Fritz Lang, empregando voz off e músicas que enfatizam as cenas do perigoso assassino e sua loucura crescente, trabalhando o som em sua primeira experiência com impressionante profissionalismo.

Retorno da crítica
"A grande noite que terminou com aplausos entusiasmados para o filme e seus criadores! - Filmwelt

'Cinematograficamente deslumbrante...O desempenho de Lorre é inesquecível. "Filme Leonard Maltin e Video Guide -

"Este fascinante drama alemão por Fritz Lang...se desenrola em um cenário expressionista de tirar o fôlego com sombras e desordem, uma atmosfera de predestinação que parece estar se aproximando do vilão apavorado que Lorre representa. M é uma parte importante do passado do cinema... (Lang finalmente trouxe sua influência diretamente para o cinema americano em filmes como asFury, Eles Clash by Night e The Big Heat.) M não deve ser desperdiçado. "- Tom Keogh

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