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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Scarface - 1932

Scarface (1932)
93 min - USA
Crime | Drama | Film-Noir
Howard Hawks, Richard Rosson


Pode parecer uma tendência nostálgica, mas quando me deparo com um filme como o original de 1932, baseado no livro de Armitage Trail, com uma temática violenta e crua sobre gângsters muito bem produzido diretor Howard Hawks, não há como deixar de valorizar a grandeza da obra como ainda comparar com a releitura com Al Pacino e perceber suas evidentes diferenças.

O filme já inicia com um questionamento crítico acerca da falta de atitude governamental em relação a tomada da cidade pela ação violenta de gângsters, cobrando a devida postura para acabar com a criminalidade.

Com algumas diferenças de roteiro em relação a produção de 83, Tony Camonte é o empregado do poderoso gângster Johnny Lovo, e sua ambição e violência o levará mais tarde a assumir o poder, vivendo sempre com a polícia em seu encalço a fim de obter provas para capturá-lo. E claro, o fim de sua família, o melhor amigo, a irmã a quem venera e seu próprio destino estão fadados ao desfecho fatal.



O filme mostra com detalhes a ação violenta da gangue, que cobra os devedores de Lovo chegando a "queima de arquivo" ou devedores indesejáveis, onde a marca registrada de Tony é a chegada com um assobio de uma canção que prenuncia o assassinato da próxima vítima.

Vemos ainda a luta por território entre as gangues, com recados através de corpos sem vida deixados pelas ruas escuras, as ações no tráfico de armas, onde tal situação começa a ser questionada pela sociedade cobrando maior dedicação por parte da polícia que tem como dever defender a população.

Numa cena impressionante, os dias passam na folhinha tão rápido quanto os tiros de uma metralhadora faz seu serviço, mostrando a ação da máfia sem tréguas.

Tony Camonte é um homem engomado, com cabelos empastelados de brilhantina e as roupas de fino caimento, porém a fala dura, os gestos vulgares e a petulância de conquistar a qualquer preço o que deseja mostra sua verdadeira essência, detalhes que parecem não incomodar a esposa de Lovo que em muitas cenas parece gostar de seu ar petulante e deixa a visão de interessar-se por estar em sua companhia.

The World is Yours é visto da janela de Tony e este a tem como uma mensagem destinada a sua pessoa, e a mensagem está presente ao final do filme, com seu assasinato pela polícia na calçada em frente a sua casa, onde o luminoso prossegue no avançar da noite diante do final trágico diante de si.

Várias cenas são referências para as influências que nos remete ao Noir, como os diálogos cortantes, a sombra no início do filme que surge ao som de um assobio e realiza o assassinato do último grande líder de gangue Big Louis Costillo, o contraste do claro-escuro na cena de um beco onde de uma parede de tijolos vemos várias silhuetas de homens dispostos lado a lado e são exterminados pelo som de tiros de metralhadoras. Vale lembrar ainda algumas cenas onde a luz atravessa as frestas das janelas, como na cena em que Tony conversa com o detetive, afirmando sua inocência frente a qualquer acusação de atos criminosos.



Scarface apresenta muita ação e violência, onde a ambição de tomar tudo para si é a máxima em todo o filme.


E como todo bom filme de gângster, o final fatal encerra a trama, com raras exceções, é certo, como Don Corleone que morre em casa e junto da família, mas claro que não se trata da constante que nos deparamos com a maioria dos filmes do gênero.

O que é importante dizer é que Scarface de 32 é um filme consistente e digno de ser visto.

O filme de 83, com Al Pacino, não deixa de ser interessante, mas perde muito do brilho após conhecer este de que falo. Michelle Pfiffer é insossa no papel, não há química entre ela e Pacino, pouco mostra-se de fato as ações dos gângsters e algumas cenas de tiroteio batariam por menor tempo de filmagem. No caso de Scarface de Hawks, as mulheres, tanto a irmã como a mulher de Lovo tem muito mais personalidade e atitude. Tony é o gângster nato, portando uma bela cicatriz no rosto e a malícia do bandido sem escrúpulos. As cenas de perseguição e violência urbana intensificam o clima e nos remete à cidade acuada.

Passei um dia inteiro baixando 8 partes mais a legenda - que então mostrou-se em alemão, então descartei e preferi assistir na íntegra em inglês - e posso dizer que valeu cada minuto de espera para assitir a obra na íntegra, que até então só conhecia partes assistidas no YouTube, este mais uma vez colaborando com alguns trechos para ilustrar este post e quem sabe, aguçar a curiosidade do leitor e estimular a procura para assistir ao filme.





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