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domingo, 8 de maio de 2011

O realismo poético francês

Mais uma influência sobre o gênero Noir que visa o retrato mais próximo da realidade frente as questões humanas e sociais é o realismo poético francês, um movimento surgido a partir da metade da década de 1930, logo após o advento tecnológico que deu origem ao cinema falado (1927), onde a produção The Jazz Singer - O Cantor de Jazz parece ter sido o marco inicial dessa nova fase do cinema norte-americano, espalhado em seguida para todo o mundo.



O cinema se converteu em um espetáculo visual e sonoro, destinado ao público em geral - inclusive a burguesia que até então desprezava o cinema por considerá-la uma arte destinada somente às massas, passando a enxergá-lo como meio de encontro social - e passou a dar mais importância aos elementos narrativos, o que levou, além do predomínio das produções glamourosas dos musicais, à arte do realismo e a dramaticidade do dia-a-dia.

Diante de tal mudança, os diretores franceses trocaram a vanguarda experimental por uma estética naturalista, iniciada por René Clair com Sous les toits de Paris (1930; Sob os telhados de Paris), a realidade melancólica em Million (1931; O milhão), À nous la liberté (1932; Viva a liberdade) e outras comédias. Jean Renoir desvendou com violência, ironia e compaixão as fraquezas humanas em Les Bas-fonds (1936; Bas-fonds), La Grande Illusion (1937; A grande ilusão) e La Règle du jeu (1939; A regra do jogo), estes últimos indicados crítica como dois dos maiores filmes do mundo.





Mas para a crítica, a obra O Atalante de Jean Vigo (1934), filme que descreve de forma poética as desventuras de um casal em viagem de lua-de-mel em uma pequena barca, com ambientes populares dos subúrbios das cidades francesas situadas às margens do rio navegado, é considerada o marco zero do realismo poético francês, representando a quebra da estética em relação ao cinema de vanguarda que imperava na França até então.



O naturalismo e o realismo que dominaram a tela francesa na década de 1930 apresentava personagens das classes populares em ambientes sórdidos, tratados com poesia e pessimismo. Os diretores que participaram com realce dessa fase foram Marcel Carné, Jacques Feyder, Julien Duvivier, Pierre Chenal e Marc Allegret. No âmbito populista, o maior nome foi Marcel Pagnol.

Os temas de fatalismo e injustiça que caracterizaram o realismo poético francês influenciaram o estilo filme Noir, gênero com suas histórias policiais que retratam personagens cínicos imersos em um ambiente de corrupção e devassidão. Filmes como Farrapo Humano (The Lost Weekend - 1945) e No silêncio da noite (In a Lonely Place - 1950), de maneira similar aos da primeira fase do realismo poético francês, apresentavam como protagonistas pessoas oprimidas presas a uma vida ordinária.





Com o fim da segunda guerra mundial, o cinema internacional entrou numa fase de transição que repudiava as formas tradicionais de produção e um inédito compromisso ético dos artistas. Assumindo atitude mais crítica em relação aos problemas humanos, o cinema rompeu com a tirania dos estúdios e passou a procurar nas ruas o encontro de pessoas e realidades.

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