Experimento Noir é um espaço de troca de experiências e experimentos que bebam da fonte do gênero noir.
Participe para saber mais e envie a sua colaboração. Após análise, publico com crédito do experimentador.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Zero Effect - 1998

Zero Effect - 1998
116 min - USA
Comédia | Crime | Drama
Diretor: Jake Kasdan
Estrelando: Bill Pullman, Ben Stiller, Ryan O'Neal, Kim Dickens

http://www.imdb.com/title/tt0120906/


Antes de tudo quero dizer a todos: assistam. Esse filme mostra que com certo humor e uma pitada de genialidade pode-se ter a essência do noir e ainda cumprir o papel de entretenimento gostoso de ver.

Discordo apenas quando o filme é descrito como comédia - ok, temos Bill Pullman e Ben Stiller como os protagonistas no elenco, o que já daria a ideia de um pastelão da Sessão da Tarde, há algumas cenas hilárias durante o filme - mas Jake Kasdan consegue de forma inteligente fazer um filme sobre um detetive particular sui generis, que desvendará o mistério de um crime com a ajuda de seu fiel parceiro, com detalhes do noir minuciosamente aplicados ao longo do filme, mesmo tratando-se de uma produção colorida e com linguagem bem atual.
Daryl Zero é o detetive excêntrico que tem problemas em relacionar-se socialmente, valendo-se do advogado e seu assistente, Steve Arlo, a entrar em contato com seus clientes, trazendo-lhe os detalhes de cada caso a ser desvendado, criando todo tempo um desconforto entre eles, pois Arlo quer dedicar-se a sua namorada Jess, pretendendo consumar um relacionamento mais sério, mas as constantes solicitações de Daryl o impede de realizar o intento, criando conflitos entre o casal.

Apesar da dificuldade de relacionamento social, Daryl tem um faro apurado e mostra-se um grande conhecedor da espécie humana, e a partir de diversos disfarces e credenciais que o identificam de acordo com o personagem, observa muito próximo e atentamente os trejeitos de seus clientes e os suspeitos que vão surgindo ao longo do caso, desvendando suas fraquezas e personalidade, como o milionário Gregory Stark, que o contrata para encontrar a chave perdida de um cofre, dizendo estar sendo chantageado, precisando desesperadamente que o ajude a solucionar o caso, descobrindo quem é seu chantagista.



Durante suas investigações, Daryl Zero analisa as reações de Stark na academia e conhece a paramédica Gloria Sullivan, que torna-se sua principal suspeita além da mulher por quem ele sente-se fortemente atraído.
Entre sinismo, meias verdades e dados importantes não revelados, Daryl vai tecendo suas percepções enquanto vai se envolvendo cada vez mais com Gloria, tomando a decisão de não entregá-la a Stark até que desvende o motivo da chantagem que está certo ser tramado por ela.
Pensando em características do noir, trata-se de um filme de detetive, que por vezes está na posição de voz off descrevendo seus passos e percepções. 

O sinismo, as mentiras, o caso de um crime obscuro sustenta a trama. A femme fatale é a mulher que atordoa e deve ser desmascarada pelo detetive.

O motivo da chantagem é desvendado, e neste caso, Daryl Zero, já meio que transformado em suas psicoses anti-sociais graças ao envolvimento com Gloria e as descobertas advindas de suas nvestigações, surpreende com um final inesperado, oferecendo parte da solução ao cliente e parte de certa absolvição a Gloria, mesmo que a ele não reste a esperança de ter consigo o que lhe transformara.

Há uma cena no no final do filme, com Daryl Zero numa sala escura, rodeado por equipamentos - computadores, fios, rádios - que me lembrou imediatamente Neo de Matriz em suas atividades como racker nas madrugadas.
Em minha opinião, Zero Effect é original e honesto. Agradável de ver e com uma mensagem muito bem resolvida.

Claro, não esperem algo com os ares da era de ouro do noir, mas assistam com atenção e verão muitas referências do gênero trazidas para uma situação contemporânea.

Aproveitem ainda para ouvir com cuidado a trilha sonora, com músicas de Elvis Costello, Jamiroquai a Nick Cave and Bad Seeds.

Um comentário:

  1. Olá, parceira, depois de umas pequenas férias, O FALCÃO MALTÊS está de volta, disposto a continuar celebrando sua paixão pelo cinema clássico.
    Sandra, que tal um post sobre Phil Karlson? Dirigiu belos noir.

    Cumprimentos cinéfilos!
    O Falcão Maltês

    ResponderExcluir