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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rubem Fonseca - Axilas e Outras Histórias Indecorosas

Além do cinema e boa parte das artes em geral que me encantam, adoro em uma conversa, ou passando pelas prateleiras numa livraria, me deparar com algo que desconheço e me atrai sem razão aparente, e não é que um amigo de trabalho tinha à mesa um livro de Rubem Fonseca, Axilas e Outras Histórias Indecorosas, que devorei em questão de bem menos de 2 dias.



E você, caro leitor, deve estar se perguntando, mas porque cargas d'água essa maluca vem num blog sobre cinema noir falar desse cara e seu livro?

Pois é, curiosamente, Rubem Fonseca tornou-se uma revelação que fez-me pesquisar - outro vício que não me canso de repetir, pois tudo o que me chama a atenção me leva a buscar mais detalhes pra conhecer a novidade - e descubro inicialmente sobre o autor, um cara que, segundo a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Fonseca), é formado em direito, trabalhou na polícia no Rio de Janeiro, época em que "os policiais eram mais juízes de paz, apartadores de briga, do que autoridades". Muitos dos fatos vividos naquela época (1952) e dos seus companheiros de trabalho estão imortalizados em seus livros.

Rubem Fonseca via, debaixo das definições legais, as tragédias humanas e conseguia resolvê-las. Suas obras geralmente retratam, em estilo seco e direto, a luxúria e violência urbana, em um mundo onde marginais, assassinos, prostitutas, miseráveis e delegados se misturam.

Segundo nota sobre o autor no livro mencionado acima, "...Com suas narrativas velozes e sofisticadamente cosmopolitas, cheias de violência, erotismo, irreverência e construídas em estilo contido, elíptico, cinematográfico, reinventou entre nós uma literatura noir ao mesmo tempo clássica e pop, brutalista e sutil - a forma perfeita para quem escreve sobre "pessoas empilhadas na cidade enquanto os tecnocratas afiam o arame fapado"."

Suas influências, além da experiência prática como policial, foi desde cedo adquirir prazer pela leitura de autores de romance de aventura e policiais de nomes como Rafael Sabatini e Edgar Allan Poe, entre outros, destacando-se a avidez por literatura americana que parece ser sua maior influência.



Sobre o livro que revelou-me o escritor e tanto me impressionou, descrevo um trecho mencionado na orelha de Axilas e Outras Histórias Indecorosas, que muito bem descrevem o teor da obra:

"Permeados pelo humor ácido já tão conhecido dos leitores de Rubem Fonseca, os contos...revelam uma obscessão pela decadência física e com a deficiência em suas mais variadas formas, sempre percebidas por personagens impiedosos consigo mesmos e principalmente com os demais."

Confesso que não se trata de uma leitura agradável, mas como ma espinha atravessada na garganta em boa parte dos contos, e penso, devido à apreciação e provavelmente algum conhecimento em relação ao cinema, consigo ver facilmente boa parte dos contos em filmes   tensos e sombrios como muitas das obras do noir.

Creio que até o momento, dos escritores brasileiros, não tinha conhecido algo que me impressionasse tanto na frieza, crueza e tom dissimulado ou descaradamente violento, a não ser pelas leituras dos textos de Nelson Rodrigues.

Fica então a dica de leitura e me desculpo com os que discordarem que possamos relacioná-lo em um blog que pretende discutir o noir. 

Título: Axilas e Outras Histórias Indecorosas
Idioma: Português
Páginas: 210
Ano: 2011
Edição: 1a
Autor: Rubem Fonseca

Preço médio: de R$26, a 32,

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