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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sweet Smell of Success - 1957

Sweet Smell of Success (A Embriaguez do Sucesso)
1957 - 96 min - USA
Diretor: Alexander Mackendrick
Estrelas: Burt Lancaster, Tony Curtis and Susan Harrison

http://www.imdb.com/title/tt0051036/


Nova York dos anos 50, na noite escura porém muito iluminada pela enorme quantidade de luminosos na cidade que parece nunca adormecer. O ritmo acelerado de carros, pessoas, e o trabalho incessante de funcionários para oferecer bem cedo à cidade, os tablóides com as últimas notícias. É assim que inicia Sweet Smell of Success, ao som de jazz muito bem produzido por Elmer Bernstein.

A história é baseada em uma reportagem de Ernest Lehman, publicada em 1950, e este queria os direitos de filmagem, porém lhe foi rejeitado ficando nas mãos do diretor Alexander Mackendrick, assim como após rejeições e citações de quem seriam os protagonistas, Tony Curtis e Burt Lancaster seriam os selecionados não só pelas atuações como atrativos de bilheteria.

Sweet Smell of Success é o retrato do poder para quem detém os meios de comunicação, e Hunsecker (Burt Lancaster) é o todo poderoso que promove ou destrói em suas colunas de O Globe qualquer um, de acordo com a sua vontade.


A cena no restaurante que Hunsecker habitualmente frequenta e onde recebe políticos e celebridades que colocam-se a seus pés a fim de obter uma audiência e mesmo preferência de divulgação, bajulando-o ao extremo, é uma clara mostra do poder absoluto, e o personagem dirige-se aos mesmos de forma fria, falando-lhes em frases cortantes com total desprezo a seus pedidos, demosntrando que a seu comando é que qualquer solicitação será atendida.


E o poder, como de costume, sobe à cabeça ao ponto de os poderosos usarem de todas as artimanhas para que os acontecimentos sigam conforme sua vontade, e Hunsecker não mede esforços subornando policiais corruptos e outros personagens que possam fazer o "trabalho sujo" para atender às suas expectativas.

Sidney Falco (Tony Curtis) é um desses personagens, um acessor de imprensa manipulador e sem escrúpulos para realizar seu trabalho, mas no momento, vive o transtorno de não atender às expectativas de Hunsecker, ficando em péssimas condições frente a seus clientes que esperam ver seus nomes publicados na renomada coluna, agora excluídas por não conseguir ser bem sucedido no acordo de desfazer o namoro da irmã de Hunsecker, Susan, com um guitarrista de jazz Steve Dallas.


A partir deste cenário, corrupção, difamação envolvendo drogas e comunismo, manipulação de pessoas que possam auxiliar na conquista do intento surgem no desenrolar dos acontecimentos, minando a vida dos personagens, demonstrando a face suja e sombria que os poderosos da imprensa podem promover, atuando como vampiros na noite escura de Nova York.


Sem dúvida, é uma história cruel, fria, fazendo deste um noir espetacular, com a escuridão que oprime e revela os atos sórdidos dos personagens.

Tony Curtis e Burt Lancaster estão incríveis nos papéis, e a relação entre o poderoso colunista de fofocas e o assessor de imprensa inescrupuloso ocorre sem piedade, e revela uma dinâmica onde um não pode viver sem o outro.

Os diálogos rápidos e cortantes intensificam a tensão. A iluminação é fantástica, mostrando a agitação de Nova York em geral nos clubes de jazz da década de 1950; a amoralidade e a corrupção da metrópole segue pelas ruas escuras, bares e nos meios da alta sociedade.

Curiosidades: a estréia do filme não foi muito bem aceita, mas em 1993, foi selecionado para ser preservado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos por ser considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo";

O filme, fotografado por James Wong Howe em preto e branco, foi feito a poucos quarteirões do centro de Manhattan e ainda utilizou 21 casas noturnas para rodar diversas cenas.

2 comentários:

  1. Olá, bom comentário sobre esse excelente filme. Faltou comentar que o personagem JJ foi inspirado em uma pessoa real, o jornalista Walter Winchell. Até a obsessão de JJ pela irmã parece, incestuosa talvez, é uma alusão ao sentimento de Winchell pela sua filha.

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  2. Celio, obrigada pela contribuição de seu comentário, que complementou o post para todos nós. :D

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