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sábado, 19 de março de 2011

Rififi (Du rififi chez les hommes, 1955)


Rififi (Du rififi chez les hommes, 1955)
França - 1955
122 minutos
Drama/Suspense
Jules Dassin

Jules Dassin mais uma vez surpreende com seu filme cheio de genialidade, detalhisto e cenas bem elaboradas, numa trama que prende o espectador do início ao fim.

Ao contrário dos muitos profissionais de cinema que encontraram refúgio nos Estados Unidos fugidos da Segunda Guerra, Dassin, nascido em Connecticut e diretor de 11 filmes no país (1941 a 1950), foi acusado de comunista por McCarthy e acabou refugiando-se na Europa, daí a produção de Rififi em francês.

O filme gira em torno do protagonista Tony, um ex-detento que encontra-se logo no início do filme perdendo numa mesa de jogo e chama o jovem Jo para socorrê-lo, o que este faz de pronto devido a ajuda recebida anos atrás mantendo a amizade e lealdade entre ambos.

Ocorre a proposta de Jo e outro personagem, Mario, para roubarem jóias da "Mappin e Web", e de início Tony recusa a oferta, mas por perder o contato com a esposa durante a prisão e descobrí-la atual mulher do dono do cabaré L'Âfe d'Or, decide concordar mas com um plano mais audacioso: o roubo do cofre por completo da joalheria. Junta-se ao grupo um italiano, amigo de Mario, especialista em arrombar cofres.

É aí que a trama torna-se mais interessante, onde os 4 personagens rúnem-se desde o estudo detalhado das dificuldades a serem superadas, o território, lojas e horários de funcionamento, além de cada ponto que deve ser respeitado para realizarem o assalto perfeito. Tony é sempre o cabeça do grupo, calculista e detalhista nos mínimos detalhes, com uma paciência incrível para encontrar a fórmula perfeita para um resultado sem erros.


Como todo bom filme Noir, Rififi não termina com o final feliz que as grandes produções adoram perpetuar. O dono do cabaré, um homem sem escrúpulos e muito ambicioso, descobre a trama e quer para si o dinheiro da venda das jóias, o que leva a uma sequência de mortes, sequestro e perseguições.



O filme é cheio de detalhes incríveis. As cenas que antecedem o assalto, em plena noite muito escura, onde somente os luminosos e as silhuetas de prédios e carros, além de vislumbres de asfalto iluminados pelos faróis, mostram uma fotografia cuidadosamente calculada. A cena do roubo calculada em 5 horas de árduo trabalho, toda encenada muda e sem música de fundo, intensifica o suspense quanto ao sucesso do assalto.






A figura da mulher é outro detalhe interessante. A ex-esposa de Tony parece ser alguém que ajusta-se às condições de sobrevivência, unindo-se a homens que a possam manter. A esposa de Mario mantém-se submissa às ordens do marido, alheia aos acontecimentos, sendo envolvida somente em momento inevitável em que o casal é acuado pelos homens do cabaré.


A cena da cantora do cabaré - uma bela mulher de quem o italiano que arromba cofres vê-se envolvido e por dar-lhe um anel valioso torna-se o delator do grupo - que canta a música que fala do homem "Rififi", o home duro, determinado e cruel, mas desejado ao ponto de atraí-la e mantê-la às suas ordens, é muito bem elaborada, com uma sombra masculina ao fundo, numa dança que demonstra sua virilidade e bravura, com a mulher submissa aos seus encantos. Em Rififi, não há espaço para a femme fatale do Noir, mas a companheira, a submissa, a sombra do homem e sua amante para o momento que desejar.


Após tantos detalhes, muito ainda há a ser saboreado nesse filme que marcou o cinema francês da década de 50. Aproveitem mais esta fascinante produção.



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